segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Poema: Olhos Cheios D'água de J.F.F.R.

Olhos Cheios D'Água

Sou o reflexo do espelho
Sou o espinho da rosa
Sou vento, o conselho
Sou a poesia e a prosa

O outono e a primavera
O inverno e o verão
Sou a poeira da estrada
Onde caminha a solidão

Nos campos sou o verde
No céu eu sou o azul
Da bomba sou o átomo
Que não se vê a olho nu

No ar sou gavião
Na terra sou serpente
Os olhos que se enchem d’água
Quando você está ausente

Sou a cura para sua dor
Sou a dor para seus pecados
Mas não vou ser a cor
Dos seus quadros mal pintados



Não vou ser seu animal
Não vou ser dominado
Criei o bem e você o mal
Sejas tu amaldiçoado

Fizeste do teu jeito
Uma terra sem semente
Sua constituição
Maltrata minha gente

Sua boca é profana
Sua mente é esquecida
Mas a minha gente não se engana
Pois a verdade é conhecida

Sou as estrelas
Sou o mais belo luar
Sou as formas geométricas
E o mais simples ato de amar

O mais escuro precipício
A mais real ilusão
Sua bomba é estalinho
Perante as batidas do meu coração



Sou simples e complicado
Como sua mente contraditória
Suas leis e seu legado
Não me apagarão da história

Criei-te para construir
Não para destruir
O que andas a fazer?
Pára para refletir?

Em minha casa me adora
E lá fora me esquece
Sou o crepúsculo e a aurora
Sou o fogo que te aquece

Mas posso ser sua ferida
Se assim preferir
Destrói a ti e a teu próximo
E tens coragem de sorrir

Quando chegar a hora
Você vai entender
Que tudo que eu fiz
Você não pode fazer



Perante mim tu és criança
Mas uma criança doente
Serei teus olhos cheios d’água
Quando eu estiver ausente..

Um comentário:

Ruby disse...

Este poema eu não tive o prazer de receber antes de ser postado. Está deslumbrante, amor. Bem escrito e expressivo. Você tem o dom, e não digo isso só porque te amo. Receba meus sinceros e humildes parabéns ;) Te amo, meu poeta.